Quanto...?


O que posso agora neste momento, talvez, descrever um pouco do que estou vivenciando, aprendendo ou mesmo descobrindo. Acredito profundamente que, desde o momento que comecei a me expressar através da pintura, me descobri um ser humano melhor e capaz de ter um outro olhar para a vida. O que me chocava antes, já não me surpreende tanto. Não causa tanto estrago. Eu me sinto um pouco deslocada, diante da vida... Como se eu fosse uma peça fora de sintonia, ou melhor, acabo não me encaixando no mundo; ou o mundo não se encaixa em mim. Identifico-me muito com as flores, frágeis, belas... Mas com espinhos que se não tomarem cuidado, acabo ferindo. Estou em uma fase que só consigo ver flores em meu caminho, durmo e fica em meu pensar flores em jardins. Flores, flores, flores... As tulipas ganharam minha atenção em especial, mas estou pintando margaridas, rosas e cactos. As borboletas também estão permeando meu pensar, mas agora aguardo o momento para expressar tudo na tela em minha aquarela encantada. Sei que jamais serei novamente o que eu era a pouco;me transformo unicamente na busca incessante de me encontrar...
 
Falarei um pouco agora das paisagens, esses lugares sagrados. Talvez não existam. Mas dentro de mim, consigo senti-los. Vivenciá-los. Transporto-me de corpo e alma... É um sacramento, um casamento... Sei lá, mas, me sinto unida, quase consumida e de fato totalmente em comunhão com a paisagem; que absolutamente  nasce desse conflito de ser real ou não... Mas de fato o que é real?... Não me sinto real, e realmente lhes digo nem o que esta ao meu redor...
 
Ah! Vida louca vidaaa! Vida breve... (como dizia o Cazuza) Tudo é tão passageiro...
Quantos caminhos temos que andar, antes de se tornar alguém? Quantos mares temos que nadar, para na areia descansar?... Escute o vento amigo, ele irá responder. Quantos corações iremos quebrar? Quantos amigos iremos machucar? Quantas vidas irão ser sacrificadas?... Quantos?... Quantas pessoas serão iludidas pelas nossas hipocrisias? Pelas nossas mentiras? Quantos sorrisos serão escondidos? Silenciados? Enferrujados? Esquecidos?... Quanto ainda viveremos nossa solitária vida? Quanto ainda teremos que odiar? Que chorar? Que amar?... Quanto ainda, sofreremos em silêncio a injustiça alheia? A fome? A miséria? A dor? A morte?... Tomara meu Deus, que não haja mais tanto tempo. Que seja breve esse aprender. Que haja agora uma nação mais solidária, sem "preconceitos". Multicolor, uma única língua falada e compreendida... Sei que é possível, o impossível já não existe mais... Acredito profundamente na bondade, fraternidade, na caridade e no respeito. Quero acreditar que outros acreditam também, juntos seremos fortes, vencedores.

Tudo isso grita latente em todo o meu ser, em cada célula... Minha vida, minha esperança... Tudo neste momento é único, profundo e belo. Quero e desejo dormir e acordar em paz. Amar meu semelhante e a toda criatura, todo dia. Incansavelmente. Somos todos dignos, sem distinção.  Somos a razão. O propósito de tudo existir (todas as criaturas).

 Meu silêncio não quer mais existir, quero gritar!!!! Chega!!! Quero sorrir sem medo de ser censurada! Amar e ser amada! Dia após dia, trabalhar no propósito de melhorar o mundo, sei que posso! E quero! Quero comida em todos os pratos de quem tem fome! Chega de opressão! Falsos moralistas, que não dizem nada e nem fazem nada! Chega de cotas! De branco! Preto! Pardo! Amarelo! Chega! Somos todos um só! Quero apenas viver e deixar que outros vivam também! Ah! a liberdade!! Sejamos livres de tantas falsas modéstias. Que quebrem as correntes! Já não existe mais medo! Somos livres e absolutos em nossa existência breve... Meu coração já não está mais quebrado. Sou livre! Livre!! Livre!!! Absolutamente livre!!!...
 
Termino o que não pode ser terminado, mas no momento apenas isso, apenas isso...



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